quarta-feira, 8 de maio de 2013

A irmandade entre os motociclistas: Lenda, Modismo, ou algo Verdadeiro?


Não faz muito tempo que eu me inseri nesse universo do motociclismo. Mais especificamente, minha história sobre duas rodas começou em Dezembro/2010. Começou ali uma relação de homem & máquina, que logo se tornou, digamos, um certo "estilo de vida". Não tardou para que essa relação fosse amplificada para os grupos de motociclistas, e aqui entra o meu argumento para esse post: - Como é que se forma, em tão pouco tempo, o sentimento de irmandade que cultivamos em nosso convívio com outros motociclistas? Note, eu não quero fazer apologia aos motoclubes, pois até onde eu pude apreender sobre eles, é uma outra história. Não é boa e nem ruim, é só uma outra história. Uma que eu não me arrisco neste momento a opinar, compartilhar, e tampouco publicar alguma coisa, por uma razão: Eu não conheço.

Essa irmandade a que me refiro talvez possa ser bem ilustrada através de um comentário tecido por alguém do grupo com quem me relaciono nesse universo de motociclistas, e que eu aprendi a zelar e respeitar. Disse ele em certo momento: "Não fosse por este grupo, eu não teria metade das pessoas de círculos tão diferentes quanto as que fazem parte do meu círculo de amigos atualmente... Pessoas com pensamentos e estilos de vida tão diferentes do meu, que seria muito difícil imaginar que um dia estaríamos cruzando os nossos caminhos" (ok, ok... não foi beeem com essas palavras que ele fez a observação, mas a idéia está aí). 

Bem, certamente não é lenda. 

Talvez tenhamos pessoas que se aproxima de grupos de motociclistas por modismo. Na minha crença, contudo, essas aproximações quando feitas com esse pretexto, são supérfluas. Não tardam a se dissolverem.

Então, por que perduram? Digo, esses grupos? Está bem, eu admito que, se eu colocar em certa perspectiva o tempo que o meu próprio grupo existe, não dá para afirmar que estamos juntos desde Mil-Novecentos-e-Guaraná-Com-Rolha... Então sob esse olhar - ou essa perspectiva - alguns podem inferir: - Ainda não perdurou! Pode ser; a gente volta a falar disso daqui a uns 20 anos...
Mas a intensidade dos relacionamentos que se formaram, em específico dentro do meu grupo, é algo a ser notado. É o que me motivou a escrever esse post, de qualquer forma. 


Acho que é um tema que - a exemplo do que realmente acontece contigo (ou comigo) em cima de uma motocicleta - tem suas origens em um plano bastante individual. Por mais que o sentimento de pertencimento esteja ligado conceitualmente a uma noção de grupo, na minha opinião essa irmandade se forma pela convergência de sentimentos e posições sociais bastante individualistas (ou individuais, melhor dizendo).

Nesse sentido, eu estaria especulando se escrevesse sobre o que eu acho que se passa na cabeça de cada um. Será mais legítimo compartilhar com vocês o que se passa na minha cabeça.

Então, vem a pergunta: - O que se passa na minha caixola? 


Certa vez eu comentei em um post de um blog de outro colega a respeito do que eu gosto no fato de ser um motociclista (ou de ter uma motocicleta, não lembro bem). A palavra que eu usei foi "desapego". Eu não percebo alguns dos adjetivos que se repetem com bastante freqüência entre os motociclistas, tais como sensação de liberdade, rebeldia, ou até mesmo o fato de parecer "sujo e malvadão" em cima de uma Harley... Tá bom, acho legal ter cara de sujo e malvadão...


Mas voltando ao ponto: Quem se lembra da época de andar de bicicleta (para quem passou por isso)? Mas andar em grupo, seguindo pelas ruas e indo cada vez mais longe? O sentimento que eu tenho hoje em cima da minha moto é muito parecido com o que eu sentia naquela época, que é desapego. Uma noção diferente do (passar do) tempo. E, de forma inequívoca, essa sensação acaba convergindo de maneira oposta na minha postura em relação ao grupo. A gente acaba por assumir uma postura que não tem nada de individual. A gente comemora as vitórias do colega, fica feliz com as suas realizações (em particular ligadas a moto!), fica preocupado, ansioso, quer ajudar, estende a mão e aceita a mão estendida. E, no fim do dia, estaciona a gorda na garagem e volta a tocar a vida, esperando pela próxima semana, pelo próximo encontro! Acumulam-se as boas lembranças, perduram-se as preocupações enquanto essas são pertinentes, preservam-se os pensamentos positivos para quem precisa deles. Tem também algumas lições aprendidas, reflexões (algumas muito relevantes), e os laços vão se estreitando cada vez mais. O desapego mesmo, só em cima da moto, ligada, me levando pra algum lugar...


Bem, acho que é mais ou menos assim em qualquer grupo, em qualquer relação humana. No fim das contas, amizades são feitas assim mesmo.

Mas, vamos combinar uma coisa? Vivenciar tudo isso de moto é MUITO mais legal, né? 



4 comentários:

Anônimo disse...

Temos histórias similares e acho que outros também. Sinto exatamente o mesmo inexplicável desapego simplesmente isso ou a pura liberdade do espírito... Abraxxx Edu

Roger disse...

Puxa Vonza este lado poeta, reporter, historiador, psicologo, eu mais alguma coisa eu nao conhecia, so via o motociclista sujo e malvadao, kkkkkk, brincadeira!!!....ficou muito bom Parabens pelo Blog....abracos Roger

Marcelo Pepino disse...

Cara, deu para perceber e descobrir o que é ser uma Irmandade...
Deu para conhecer o que uma pessoa pode fazer pela outra.
Quando se organizam em torno de algo ou de alguém, e isso passa a ser uma referencia, tá formada a IRMANDADE...
Ainda não havia te agradecido pela força no dia do acidente.
Valeu IRMÃO e o seu blog é uma terapia...
Vamos provocar discussões e debates.
Forte abraço.

Eliana e Maria Elvira C Pinto disse...

Emocionante ver como vocês formam mesmo uma irmandade. Agradeço a todos pelo apoio e carinho impagável no final do ano com a cirurgia do meu irmão Paulo. Minha mãe e eu ficamos emocionadas, gratas, comovidas e infinitamente felizes por essa nova família que nos aconchegou em um momento de tanta dor e preocupação.